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A mostrar mensagens de 2010

A bola do mundial era cientificamente imprevisível

Ao que parece, a moda deste verão no futebol, quando os jogadores faziam asneira, era deitar as culpas na bola. Até se chegou ao ponto de arranjar cientistas para analisar a dimensão, o peso e o material da bola a fim de definir se a mesma é ou não adequada para praticar um desporto que, há décadas, se fazia com bolas não testadas cientificamente. Parece impossível que se queira desculpar a falta de perícia de um jogador com as falhas técnicas da bola. Mas, assim, se vê a evolução: antigamente eram os jogadores que eram «nabos»; hoje em dia, é a bola, que não cumpriu o seu dever de ir enfiar-se na baliza do adversário da equipa em questão. Só falta dizerem que também estava «comprada». Qualquer dia temos casos de «lona dourada». Desde que veio um senhor dizer que a bola usada no mundial deste ano não era adequada por isto ou por aquilo, que era muito leve, tinha "trajectórias imprevísiveis" e por aí fora, que o Jorge Jesus não perdeu tempo a aproveitar a deixa para desculpar

A linha do desabafo

Há pessoas que tomam o conceito Linha de Apoio ao Cliente demasiado à letra. É inacreditável a quantidade de gente que liga para as linhas de atendimento das empresas supostamente com o intuito de esclarecer dúvidas e aproveita para «despejar» os pormenores da sua vida pessoal. Relatam as suas doenças, as da família, os conflitos com os vizinhos, as dificuldades financeiras, o insucesso profissional, as más condições da sua habitação e assim por diante, na esperança que os operadores sejam solidários e lhes ofereçam de facto algum apoio, neste caso, moral. É claro que, no final de tudo, quem precisa realmente de apoio são os operadores, pela paciência que dispensaram ao cliente. Também é interessante quando liga alguém, o operador atende: - "Empresa X, boa tarde, fala a Ana." - e o cliente responde: - "Olá Ana, eu sou a Margarida..." - como se o facto de saber o nome do operador desse ao cliente uma sensação de familiaridade com o seu interlocutor, de forma que se

Telemóveis de 6ª geração

Já não sobra muita coisa para incorporar num telemóvel. Antes ainda podíamos dizer: - Só falta tirar cafés. Agora já nem isso, visto já que já inventaram um que funciona tipo Nespresso. Onde vai este mundo parar que já não se pode dizer uma piada sem que peguem logo nela e a tornem realidade? Portanto, só me resta dizer que só falta mesmo incorporarem um isqueirito para o pessoal fumar o cigarrinho juntamente com o café. Insiram, também, um depósito para o whisky para quem gosta e um para leite para fazer galão. Já que estamos numa de implementações, metam também uma funcionalidade para fazer torradas. Juntamente com o galão, já poupávamos imenso tempo no pequeno-almoço. Já agora, se não for pedir muito, metam qualquer coisa para tirar imperiais e um depósito para tremoços, amendoins ou azeitonas. A meio da tarde, caía bem a muita gente e os homens da construção civil haviam todos de querer um. Para as senhoras, inventem um em cor-de-rosa que prepare chazinho e biscoitos. Em Inglaterra

Frio ou calor? Eis a questão!

Admiro imenso esses indivíduos que vão para a rua correr às 8 da manhã usando apenas uma t-shirt e uns shorts justinhos quando estão temperaturas abaixo dos 10ºC. É que, para além de se arriscarem a ser confundidos por se apresentarem nessa figura acompanhados de alguém do mesmo sexo, tanto frio e tão pouca roupa não lhes deve ser benéfica para certas partes do corpo. Da mesma forma, vejo pessoas que vão para o ginásio (local onde existe ar condicionado) vestidos quase como se fossem para a neve. Outra mania esquisita é essa das miúdas de agora usarem um blusão de penas que lhes chega pelas costelas e o resto da barriga à mostra. Não percebo qual é a ideia, visto que é um casaco muito curto para usar no inverno e muito quente para usar no verão. Chego à conclusão que a vaidade de andarem vestidas como vêem nos videoclips torna as raparigas muito acaloradas. No entanto, nos rapazes, verifica-se o oposto porque os apreciadores dos videoclips de hip-hop usam sempre, pelo menos, uma t-shir

Prevenção de acidentes pedonais

Passo a vida a ouvir falar de acidentes rodoviários e de prevenção para os mesmos e ninguém parece perceber que esse é um reflexo do que acontece no mundo pedonal. Se há gente que não sabe andar a pé, como é que vai saber andar na estrada? Eu proponho a imposição de medidas que facilitem a mobilização pedonal. Essas são as seguintes: Medidas de prevenção de acidentes pedonais - Obrigação de circular pela direita - Temos muita pena, mas cada um usar o lado do passeio que mais aprova não dá com nada; - Imposição de limites mínimos de velocidade e/ou obrigação de facilitar a ultrapassagem - Porque isto há gente que anda "a pisar ovos" e que, ainda por cima, não deixa passar quem vem atrás; - Obrigação de moderar a velocidade antes de travar ou mudar de direcção - A malta que pára de repente ou muda de direcção "sem fazer pisca" também provoca acidentes em cadeia; - Proibição de estacionamentos em segunda e em terceira fila - Aglomerados de gente parada no meio do passe

Sem talões, cartões nem a treta das fidelizações

Em qualquer sítio que entremos actualmente, querem automaticamente impingir-nos um cartão de fidelização. Em suma, querem obrigar-nos a voltar lá após a compra de uma simples pastilha elástica. Existem cartões para tudo: - Para os supermercados e hipermercados; - Para as lojas de roupa e acessórios; - Para as perfumarias; - Para as livrarias; - Para as papelarias; - Para os clubes de vídeo; - Para os postos de combustível; etc. Convencem-nos a aderir assim que lá entramos e nós vamos atrás da conversa convencidos que, se o fizermos, saímos de lá mais depressa. O problema é que, quando olhamos para dentro da carteira, temos montes de cartões de fidelização (mais os respectivos minis nos porta-chaves). Como se isso não bastasse, posteriormente, ainda nos enchem a caixa do correio com promoções, cupões de desconto e ofertas de adesão. Isto para juntar aos talões que nos oferecem no local. O resultado é que, quando vamos às compras, quase que temos de levar um dossier com toda a papelada,

Usas um detergente normal?

As coisas que se dizem nos anúncios de hoje são mesmo totalmente absurdas. Uma delas é essa do "Usas um detergente normal?" Como se hoje em dia existissem detergentes normais. Isso era coisa de antigamente. Agora só existem detergentes para as lãs, com lexívia para os brancos, para proteger os pretos, para proteger as cores, com aloé vera, com pérolas activas, para além da enorme gama de aromas disponíveis. Nada de detergentes normais. Também já não existem cabelos normais. Os champôs, embora tenham sempre um produto para cabelos normais, ninguém o compra. Toda a gente quer um para cabelos secos, cabelos oleosos, reparador, para alisar, para definir os caracois, para cabelos pintados, para cabelos loiros, ruivos ou castanhos, para proteger do sol, para dar mais brilho, para dar mais volume, etc. Até já o leite tem que se lhe diga. No tempo dos nossos tetravós, existia leite de vaca e leite de cabra. Mais nada. Hoje já temos leite de soja, leite magro, meio-gordo ou gordo, esp

Patriotismo estrangeiro

É notável o desejo que o português tem de ser estrangeiro. Com uma língua tão extensa como a nossa, o português cai sempre na tentação de uma e outra vez usar um estrangeirismo. Essa particularidade verifica-se bem mais em Lisboa, uma vez que o lisboeta tem um desejo inerente de ser de outro sítio qualquer. Uma conversa noutro ponto do país seria: - Onde vais com tanta pressa? - Tenho de ir apanhar a camioneta. Já em Lisboa: - Vais cheio de speed... - Vou apanhar o bus. Mas há, no português, uma inexplicável vontade de falar inglês como se isso lhe conferisse algum prestígio e o transformasse numa outra pessoa cheia de classe. Aliás, a falta de patriotismo atinge a maioria das faixas etárias, das classes sociais e das situações profissionais. Quantos cantores não temos por aí como os Da Weasel, o Sam the Kid e os Expensive Soul, que embora cantem em português adquiriram para si nomes estrangeiros. Ou mesmo o Joaquim de Almeida e a Maria de Medeiros, que decidiram ser fiéis ao seu nome

Para gripes, tome paracetamol

Considero muito divertida esta mania que o povo agora inventou das epidemias fatais que, supostamente, causam imensas mortes mas nós nunca vemos nenhuma. Conheci, de facto, alguém que diz ter tido a gripe A mas, para além de não ter morrido, a única prova que eu obtive de que essa pessoa foi contagiada por essa estirpe é a sua própria palavra. Como é que sabemos se não estão a dar-nos uma grande cantiga ao dizer-nos que existe uma nova estirpe de gripe fatal só para vender mais vacinas? Desculpem lá, mas eu preciso de provas. É que já começa a fartar um bocado todos os surtos epidémicos trazidos por animais que, de tempos a tempos, vão aparecendo, lançando o pânico e fazendo com que toda a gente comece a correr para o hospital de cada vez que espirra ou sente uma dorzinha em qualquer parte do corpo. Os hospitais, os médicos e, principalmente, as farmacêuticas é que ganham com isto. E, da maneira que a crise aperta, já devem andar a torcer pela chegada da epidemia da gastroenterite dos

O mundo do trabalho

o que é ser um bom profissional? É dizer "bom-dia" e "boa tarde" a pessoas que não conheço, que não quero conhecer ou que me são totalmente indiferentes para que essas possam fazer-me perguntas indiscretas, conversa da treta e contar-me toda a sua vida (que não estou nem um pouco interessada em saber) de rajada e eu ter de assentir com sorrisos cínicos quando, na realidade, só quero é fugir dali rapidamente? É ter de largar o meu namorado, os meus amigos e a minha noite de cinema para ir a jantares sociais de empresa fingir que convivo animadamente com gente que não suporto, ver as bebedeiras (e, principalmente, as figuras tristes) de cada um que, repetidamente, canta êxitos dos anos 90 desafinadamente num karaoke decrépito? É ter de comer algo que detesto só porque alguém ofereceu e fica mal recusar, tendo em conta que se o fizer, no dia seguinte toda a gente na empresa saberá e falará de como sou mal-educada só porque recusei os aperitivos da fulana X "que é

Só eu sei porque não fico em casa

Os sportinguistas já entraram de tal forma em clima de derrota que, até quando escolhem um lema para o seu clube, em vez de escolherem um que os motive, escolhem um que os envergonha. Realmente, só eles sabem porque não ficam em casa escondidos debaixo da cama em vez de irem para o estádio sofrer uma e outra humilhação. O verdadeiro «amor à camisola» já se tornou mais uma maldição do que uma motivação e se os jogadores fossem incitados a perder não o fariam tão eficazmente. Aliás, com tanto prejuízo em jogadores, treinadores e uniformes, o clube poderia ser considerado "sem fins lucrativos". Esse está de tal forma em recessão que já teve de cortar em algumas letras, de maneira que no estádio já só se ouve "...oooooorting". Os adeptos continuam a sua rotina queixando-se que o treinador anterior era melhor do que o actual e se assim for, qualquer dia o clube já não tem mesmo solução. Isso explica porque o Liedson continua a correr desalmadamente pelo campo. Dado o his

Amor, esfrega-me as costas!

Sempre ouvi da boca dos homens que não há quem compreenda as mulheres. Mas e quem é que os compreende a eles? Eu até sempre pude dar-me ao luxo de dizer que compreendo os homens mas há coisas que (juro por deus) nunca hei-de entender. Experimentem ir viver com um homem que viva sozinho e que nunca tenha vivido maritalmente. A primeira vez que entrarem em casa dele encontrarão uma casa-de-banho imunda onde residem somente um balde e uma esfregona velha, um sabonete nas últimas e monte de lâminas de barbear usadas. Na cozinha, terão um fogão carregado de gordura, um montão de loiça por lavar, um esfregão a cair aos pedaços e diversos pacotes, latas e garrafas vazios no frigorífico. Na sala, haverá um sofá, uma televisão, um stereo, um montão de cds espalhados (cujas caixas há muito que é desconhecido o seu paradeiro) e uma playstation que afirmarão que é do irmão mais novo ou do sobrinho para esconder o seu vício incontrolável dos video-jogos e manter a imagem de um gajo respeitável e m