Sim, Não... TALVEZ?

Li no blog de um amigo, há uns dias, algo que me parece ser de bastante importância e que, normalmente, as pessoas tendem a desconsiderar ao longo da sua vida.
Tem a ver com os bilhetinhos que, em crianças, nós escrevemos à pessoa por que estamos apaixonados; o famoso bilhete com a frase "Queres namorar comigo?" seguida dos respectivos quadradinhos com as respostas "Sim" e "Não" (e, em alguns casos, até um "Talvez") para o pretendido assinalar conforme lhe ditar o coração.
O comum dos mortais vive sem a mínima consciência de o quanto estas pequenas palermices refletem a nossa posição enquanto adultos e o quanto, ao longo da vida, continuamos a subscrever este tipo de comportamento.
Vejamos então a situação.
O que acontecia quando éramos crianças era isto:
Apaixonados, escrevíamos o nosso bilhetinho com uma letrinha legível e bonita e desenhávamos escrupulosamente dois quadradinhos, um para o "Sim" e outro para o "Não", devidamente identificados. Muitas vezes, porque tínhamos dúvidas em relação às intenções do outro lado ou por dificuldade em lidar com um Não, colocávamos também um quadradinho para o "Talvez".
E é este aspecto que quero salientar e sobre o qual reside todo o nosso desequilíbrio emocional.
Normalmente o "Sim" era para as pessoas feias e complexadas que, em adultas, desenvolvem o medo de ficarem «encalhadas». Era para os cromos, os malcheirosos, os «caixa-de-óculos», os que usavam aparelho nos dentes ou os que sofriam de qualquer outro infortúnio que a vida lhes tivesse proporcionado e que, eventualmente, recebiam um desses bilhetes. Respondiam sempre que sim, porque a felicidade de receber um desses bilhetes era tamanha que pouco importava a sua origem. O "Não" era normalmente para os rapazes, que até entrarem na puberdade, morrem de terror/nojo de uma rapariga. E agora é que é: As meninas bonitas da escola assinalavam o "Talvez". Ou, na falta dele, elas próprias o desenhavam. A menos que o rapaz que o tivesse enviado fosse tão feio, tão feio que qualquer rapariga ficaria com a reputação manchada por considerar sequer a hipótese de responder algo que não se assemelhasse firmemente a um "Não", as meninas colocavam a sua cruzinha no "Talvez". E, com isto, elas não respondiam nem que sim, nem que não. Deixavam o rapazito preso na ilusão de que um dia ela poderia querer alguma coisa que tivesse a ver com ele.
As meninas faziam isto porque, inconscientemente, elas sabiam que, a partir daí, tinham o gajo na mão. Sabiam que ele havia de as seguir que nem cachorrinho fiel para todo o lado e fazer tudo o que elas pedissem na esperança de, um dia, ouvir o tão desejado "Sim".
Mesmo depois de adultas, as mulheres continuam a fazer este jogo com os homens. O "Talvez" simplesmente assume variadas outras formas como "Não sei se estou apaixonada por ti", "Não estou preparada para uma relação", "Preciso de mais tempo para decidir o que quero para a minha vida" e muitas outras frases do género que dizemos a um homem quando não queremos nada com ele mas também não queremos que ele parta à conquista de outra mulher. Principalmente, se temos algo a ganhar com isso. Fazemos isso a vida toda para ganharmos deles algo em troca, desde fazerem-nos os trabalhos de casa até levarem-nos de férias ao Hawai.
Ao darmos um "Talvez" estamos a guardar um gajo num frasco (que nem compota) para podermos usufruir quando precisarmos.
Por isso, rapazinhos, quando mandarem um bilhetinho à vossa amada e ela vos devolver um "Talvez", fujam com quantas perninhas tiverem ou ficam no «frasquinho» a vida inteira.

Comentários

  1. Sim, talvez, nao sei...e vago e pouco relevante, falta "je ne se quoi...por acaso tinha me esquecido desse jogo...la vao os anos, nao e? Pois...as criancas podem ser muito crueis por natureza, e quando chegam a adultas?! aiai!!... Mas penso que tem muito haver com a educacao que se tem enquando criancas. A vida e demasida curta para esse tipo de jogos... Mas ja que estamos nesse assunto sempre perferi o bate pe. Bem me queres ou mal me queres e sempre mais honesto romantico e "divertido".
    Amor e sexualidade sao duas questoes completamente diferentes, mas ambos sao elementos importantes na vida para se poder evoluir."Querer e poder..." Na e o que dissem?!

    E bom ver te a escrever...eu gosto muito como tu te expressas no papel. Nao sou perito no assunto...mas tambem nao deria que e genial. Mas o tema que parece ser bastante interssante a debater enquanto se toma cafe...Ha! enquanto ao conselho no final a nos homens...bem..! so foge quem tem medo...

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